Lá no interior de Palmeira, no tempo em que se criava a bicharada solta ao redor de casa, todos tinham suas galinhas, vaquinhas e principalmente alguns porquinhos que produziam banha e carne para o consumo da família.
Para uma criação pouco numerosa, não se justificava ter um cachaço (porco reprodutor) em cada propriedade. Pois foi aí que o problema se criou…
“Seu Lino” era um dos poucos que se dava ao luxo de ter um reprodutor – o que mais tarde veio lhe dar “dor-de-cabeça”.
O cachaço, apesar de ser forte e muito bom reprodutor, não era muito grande, por isso, além de comer pouco tinha a vantagem de ser facilmente transportado para as frequentes visitas às porcas da região.
Não passava uma semana sem que aparecesse alguém pedindo o bicho emprestado, e “Seu Lino” nunca dizia não, satisfeito com a fama de seu animal que, muito assanhado, se ia levado em uma carriola – o meio mais prático de carregar o bicho que era de pequeno porte.
Passado algum tempo, quando na região já não existia porca com quem o bicho não houvesse cruzado, foi então que Seu Lino passou a sofrer as conseqüências do empréstimo do porco, pois toda a vez que ia usar o carrinho-de-mão, para qualquer trabalho perto de sua casa, era surpreendido pelo bicho safado, que surgia inesperadamente e se jogava em cima do carrinho, imaginando que seria levado para mais uma visita amorosa a alguma leitoa da vizinhança.
(A história é real e o narrador é filho do Seu Lino).