2. Pio

Pio Piovesan.

Nascido aos 25 de março de 1926 em Bom Retiro. Batizado em 28 de março de 1926, tendo como padrinhos Giralomo Girardello e Ana Zanon. Foi crismado em 1928, sendo seu padrinho de crisma Agostinho Piovesan.

“Dois anos após o nascimento de Achiles veio o Pio, recebeu o nome por ser curto e fácil de escrever, pois historicamente havia certa descriminação e rejeição das autoridades para com os imigrantes estrangeiros.” – Conta a Thereza Piovesan.

Em 1932 começou ser alfabetizado aos seis anos de idade na escola Cândida Zasso que na época situava-se na Rua Silvio Grotto mais menos onde hoje está o supermercado do Pippi. Sendo Cândida Zasso sua primeira professora.

Em 1936 foi estudar no colégio das Irmãs Palotinas e estudava em período integral, ao meio dia os alunos almoçavam em casa, mas como era muito longe para ir até o Bom Retiro, Ignez sua irmã vinha de casa trazendo seu almoço que geralmente era um pedaço de pão e um pote de mel. Pois Ignez também estudava no contraturno.

Em 1939 ingressou no seminário em Vale Vêneto onde pretendia ser padre, mas devido a uma doença erupções orgânica-psíquica (psoríase) não pode continuar. Voltou para a residência paterna e ajudava seu pai nas construções de casa e galpões, pois devido a sua doença não podia trabalhar na roça, tinha que se resguardar da poeira, orvalho e sol. Melhorou graças ao aparecimento da penicilina.

O Pio “literato” esteve um ano no seminário em Vale Vêneto, – conta a Thereza Piovesan, – mas por causa de saúde teve que voltar para casa. Gostava de comer bem e ler. Numa tarde de verão ficou em casa da roça, para cuidar dos menores e estudar e à tardinha regar a horta e as flores (recomendação da mãe). Mas descobriu, na “adega” conserva de ameixa ou uva na cachaça. Não deu outra experimentou e deu um pouco para os irmãozinhos era doce, que logo deitaram e dormiram por aí e ele sentindo-se senhor continuou a comer as frutinhas e ler, mas, … os olhos ficaram embaçados buscou os óculos do pai para ajudá-lo a ver. Nisso se lembrou de molhar a horta mal chegou ao “portelo” (portão) começou a tarefa, mas… dizia que via tudo escuro e caiu debaixo da roseira… e dormiu. Qual não foi a surpresa de mamãe chegando da lavoura … e tudo silêncio em casa (todos dormiam) chamou o Pio, mas cadê? Encontrou-o “nos braços de Morfeu” com os óculos e tudo, o balde do lado já sem água e ele molhado no lugar das flores! Uma cena digna de um ritrato (fotografia)!

Em 31 de janeiro de 1943 matriculou-se no Tiro de Guerra. Em 21 de outubro de 1943 prestou compromisso a bandeira recebendo o certificado de reservista de segunda categoria.

Em janeiro de 1945, foi convocado para compor a fileira do exército para combater a segunda Guerra mundial, que foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo.

Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados. Em estado de “guerra total”, os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate foi o conflito mais letal da história da humanidade, com mais de setenta milhões de mortos, assim Pio, atendendo o chamado se dirigiu então para Santa Maria e onde começou a receber as instruções e estava se preparando para ir para guerra, quando veio a notícia de que a guerra havia acabado.

Herdou o carisma da Família do Canto e da Música, porem jamais teve meios materiais para frequentar qualquer escola especializada, assim como seus irmãos, mas em 1945 foi fundado um conjunto musical chamado Jazz Aurora, onde tocavam músicas populares da época nas festas de igreja onde nada ou pouco ganhavam. Pio na época contava com 19 anos e tocava saxofone. Faziam parte deste conjunto também seu irmão Abel que tocava violão, a professora Carolina Marin – violino e gaita, Adelino Bellé – violino, Rui Antonio Zasso – gaita, Benno Hensch – bateria e pandeiro, Elizeu Zasso – gaita. O conjunto acabou em 1954.

Jazz Aurora

Pio sempre foi uma pessoa religiosa ensinamentos esses herdada de seus pais, indo à missa todo domingo, e cantando no coral da igreja e mais tarde com a morte de seu pai assumiu a regência do coral da igreja.

Segundo Ovidio Bertoldo na semana santa, “nas ditas funções” até hoje lembro e me arrepio quando cantávamos juntos a música “populli mei” (meus povos) esta é uma recordação que ficou na minha memória até os dias de hoje e levarei comigo para sempre.

Fez um concurso municipal em Júlio de Castilhos para ser professor onde tirou 4° lugar, em primeiro de março de 1952 foi nomeado professor e assumiu a escolinha rural em Bom Retiro. Trabalhou como professor por três ou quatro anos, tendo um salário mensal de 50.000 mil reis.

A primeira vez que Pio viu Clementina foi numa ocasião em que foram tocar numa festa na linha Rigon, estava acompanhado das irmãs Maria e Inês e Arlindo e viu aquela bela moça, e ela levantou e foi embora. Em uma festa Pio mandou um bilhete de Tômbola e ela nem respondeu, pois segundo Pio ela tinha recebidos muitos bilhetes. Numa procissão ao redor da praça num domingo Pio avistou Clementina e ocorreu “uma linhada” (olhada e um sorrisinho), e neste dia Pio achou que ele ia conseguir namorar. A Clementina tinha outros pretendentes, Pio teve que saber se impor para conquistá-la. Depois de muitas lutas Pio encontrou o pai de Clementina no bar de Luís Rossato perto do Hotel Nova Palma e pediu o consentimento para namorá-la recebendo a resposta positiva. Quando seu sogro saiu do bar o outro pretendente de Clementina foi pedir para namorá-la então Pedro disse agora já dei o consentimento para o Pio.

Casamento de Pio e Clementina

Casou-se com Clementina no dia 06 de setembro de 1952, com quem teve os filhos: Elena, Lucila, Cecília, Tarcísio, Orácio, Marta, Mercedes, Carlos, Mário e Janine.

– O Pio foi meu professor – diz Maria Piovesan Pegoraro, sua irmã – era um educador mesmo, aprendi muita coisa com ele, os bons modos, ele era respeitado pelo pai por ser mais estudado e ter uma certa liderança na comunidade pelo fato de ser professor. Ele também lia muito. Na véspera do casamento, eu e a Eulália fomos posar no Joanim Rossato cuja esposa, Virginia, era doceira de mão cheia e cozinheira da festa. À noite depois de uma janta bem gostosa fomos dormir num quarto do sobrado numa cama de casal com “leto de pena” (colchão de pena). Lembro, diz a Maria, que chovia e travejava naquela noite. Então a Eulália disse: “Poe píovere fin que el vol, e nantri mai pi un leto bom companho de questo”. (Pode chover quanto quiser, nos jamais deixaríamos de dormir numa cama boa como esta).

De manhã, como rio estava alto, fomos levando os doces, tortas, cucas, bolachinhas, todo mundo carregado, levando a pé lá prá casa. O Olinto levava o bolo dos noivos. Lá na farinha seca, a farinha seca era uma árvore bem alta, um ponto de referência, pois ficava numa encruzilhada onde, uma ia para a Linha um, pertencente a Nova Palma, e a outra se descia até o rio Soturno e depois a casa dos Piovesan e seguia para o Bom Retiro. Ele se adiantou dos demais e colocou a torta no chão para pregar uma peça, quando viram aquilo, as gurias, acho que a Rita e a Aurélia começaram a gritar porque acharam que ele tinha caído com o bolo. Ele, porém, ficou de lado se fazendo de assustado com a maior cara de pau, rindo delas.”

Em 1955 após uma ventania onde caiu uma casa onde hoje mora o professor Araiba, e Pio foi ajudar a desmanchar e ele foi pular para baixo e embaixo tinha um pacote de prego já usado e cravou um prego no calcanhar. Pio não foi ao médico e o sintoma apareceu 10 dias depois. Então se dirigiu ao médico para fazer o teste e não tinha médico para fazer. Daí foi pra casa e foi cortar cabelo do Bruno Pippi quando sentiu o seu pescoço duro.

Foi pra casa tomou banho e foi levado para Faxinal do Soturno chegando lá ele se encontrava totalmente duro, daí encontraram o médico e o médico pediu como iam pagar e disseram pelo INPS o médico disse que pelo INPS ele não atendia e que podiam levar ele de volta.

Então Otávio Zanon disse eu pago. Pio ficou seis dias em semi coma, não podia fazer qualquer barulho. Nem o médico acreditava na sua recuperação. Mas o Pe. Breno fez romaria pedindo a cura de Pio. Após seis dias ele começou a reagir. Ficou internado por 28 dias.

Deixou de ser professor para trabalhar na malharia do Claudio Langone, nesta época ainda trabalhava durante o dia como professor e a noite na malharia. Quando deixou de ser professor e só trabalhar na malharia no ano de 1956, foi morar na casa de Carolina Marin em troca do aluguel ficou responsável pela comida. Saíram daí um ano depois e foram residir, na casa de Benjamin Zanon ao lado da oficina de móveis Piovesan.

Em 1958 trocaram de local de moradia para uma casa localizada na Rua Frederico Librelotto de propriedade de Luis Fréo, onde hoje está localizada a casa de Egídio Piovesan.

Em 1962 foi morar na casa pertencente a Francisco Pellegrin localizada na Rua Zero Hora, e em 1970 vieram morar perto do rio Portela na casa de Jose Redin.

Quando a malharia fechou trabalhou como fotografo e mais tarde na oficina de seu primo Eliot Piovesan, como passatempo arrumava espingardas. Segundo Ovidio Bertoldo, Pio numa certa feita foi arrumar o timão de engenho na casa deles, levando sua espingardinha 40, que após a tarefa cumprida foi caçar “nambu” e voltou com três. Ele gostava de arrumar espingardas.

Na oficina de seu primo Eliot trabalhou desde 1970 até sua aposentadoria por tempo de trabalho. Eliot ajudou muito Pio na construção de sua casa. Primeiramente Pio comprou o terreno de seu tio Benjamim Piovesan por cinco mil contos de reis e o projeto foi feito por Pio e seus filhos Tarcísio e Orácio. Eliot foi fiador na compra de materiais e mão de obra pra fazer a casa de Pio. Foram morar na residência nova em 02 de abril de 1978. Eliot disse para Pio se tu conseguires pagar a sua casa em 10 anos pode atirar o chapéu pra cima. E Pio e sua família pagou em apenas três anos.

Pio como uma pessoa política ajudou e organizou e fez parte de um grupo chamado grupo dos 11, no ano de 1964. Este grupo tinha que trabalhar no mais absoluto sigilo, a lista destes nomes foi guardada embaixo do assoalho da casa. Mas devido a uma denúncia anônima Pio e seus companheiros foram presos. Pio foi preso no dia 17 de maio de 1964, domingo do Espirito Santo, que após solene celebração na Matriz Santíssima Trindade, com missa cantada e dirigida por Pio e tocada por Carolina Marim, apareceu um furgão e Jeep do exército, trazendo o Capitão Gallo com a escolta, com ordem de prender, e levar para Santa Maria. O comandante do grupo da brigada local, com o delegado de polícia Pery Berbigier, comprometeram-se a garantir a segurança dos detidos no salão da delegacia local, em casa alugada, com residência no fundo, a Rua Siqueira Couto onde ficaram incomunicáveis com o pessoal de fora e seus familiares. Junto com ele foram presos os seguintes companheiros: Valdir Crauss, Bruno e Renato Pippi, Venino M. Crauss, Luís Zanon, Antônio Bonaldo, Vanderlei Pippi, Arnaldo e Vilson Rossato, Ângelo Grotto e Willy Pessamosca.

O grupo dos onze consistia na organização de “grupos de onze companheiros” (como em um time de futebol) ou “comandos nacionalistas” liderados por Leonel Brizola, em fins de novembro de 1963. Em outubro de 1963, Leonel de Moura Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, considerava que o Brasil estava vivendo momentos decisivos e que, rapidamente, se aproximava o desfecho que poderia colocar o país numa nova linha política. Sucessivamente, em 19 e 25 de outubro, Brizola fez inflamados pronunciamentos à nação, através dos microfones de uma cadeia de estações de rádio liderada pela Mairink Veiga, que detinha, na época, o maior percentual de ouvintes das classes média e baixa. Nesses pronunciamentos, conclamou o povo a organizar-se em grupos que, unidos, iriam formar o “Exército Popular de Libertação” (EPL). Comparou esses grupos com equipes de futebol e os 11 “jogadores” seriam os “tijolos” para “construir o nosso edifício”. Estavam lançados os “Grupos dos Onze” (G-11) que, para Brizola, constituir-se-iam nos núcleos de seu futuro exército, o EPL.

Pio Piovesan, nos interrogatórios, assumiu ter sido o formador do grupo, mas, não lembra, ter enviado lista a rádio de Mairink Veiga. Desconfia que tenha sido denuncia partida de Nova Palma, que desencadeou a busca. Sabendo-se, porém, que em lugares circunvizinhos, como Júlio de Castilhos, tais listagens foram subscritas, e encontradas nos estúdios da emissora.

Coral Toni Torcchio.

Pio Piovesan tendo herdado a maestria de seu pai Antônio, após a sua morte continuou cultivando este legado juntamente com seus irmão Abel, Eulália e Maria em Nova Palma. Em meados dos anos 90, decidiram formar um coral para manter vivo a cultura da música italiana. O nome do coral Toni Torchio, foi em homenagem a Antônio. Faziam apresentações em jantares, festas, festivais e missas. Com a morte de Pio, a maestria foi passada para seu sobrinho Bernado. Hoje o grupo se reúne esporadicamente em filós e festa da família.

A Ignez Piovesan Bellé conta que “gostávamos de ir para festas juntos, de estudar, cantar, ele queria um mundo diferente ‘era um sonhador’, porém com os pés no chão.”

Quando Pio casou, – conta a Maria Piovesan Pegoraro – ele fez no dia seguinte dia 07 de setembro, uma festa para os alunos. Havia as mesas ainda armadas do dia do casamento embaixo das laranjeiras, nas quais foi servido o chá com os doces que havia sobrado em quantidade, dizia o Ovidio Bertoldo, há pouco tempo, ele que fora aluno do Pio e convidados portanto no tal banquete dos alunos feito um dia após o casamento, que nunca mais ele comeu doces tão gostosos e com tanta fartura como naquela ocasião. Falando em Ovidio, um dia, conversando com Pio, A Zélia e Adelia Zanon, contaram que, no 5°ano, onde também fazia parte da turma o Euclides Vestena, a Zélia ficava com raiva do Ovidio, porque era sempre ele que tirava o 1° lugar nas sabatinas.

O Pio, – comenta a Odila Lourdes Piovesan Santos, – bom esse foi o irmão estudado, foi meu professor como já mencionei, mas só de coisas boas, me deixava livre na aula, como se eu estivesse num Jardim ou pré. Brincava com os alunos e estes não deixavam por menos. Uma vez o Euclides Vestena (Tico) trouxe uma batata-doce cozida, acho que pesava perto de quilo, e colocou sobre a mesa dele… Não sei até que ponto aquilo era amor de aluno ou gozação. Aliás, o Euclides não era flor, como se diz… Lembro também das bergamotas que os alunos iam trazendo para ele ao entrar na sala. Ele as empilhava sobre a mesa como fazem os feirantes bem alinhadas. A gente olhava aquilo… Ele fazia parte de uma banda lá em Nova Palma e tocavam além de festas religiosas, também em outras festas. Foi o Pio e o Abel que insistiram com o pai para que eu estudasse, quando eu queria para na terceira série, porque não havia outra escola por perto. Foi com sacrifício que comecei a estudar em Nova Palma, pois além de ir sozinha eu tinha pela frente aqueles três quilômetros todos os dias a fazer a pé. No inverno e com chuva me lembro que tinha que me esforçar para ir.

A Amélia Binotto Fagan conta:

– O Pio era um professor inteligente e gostava que as atividades escolares fossem bem feitas. Muito disciplinado não gostava de conversas paralelas no qual sempre os corrigia com conselhos ou dependendo com castigo. Os castigos da época era ficar fora da sala olhando pra estrada, ficar olhando pro quadro de costas pros colegas, e dependo da gravidade da infração ficavam ajoelhados em cima de pedrinhas. A sala era multisseriada, isto é, várias séries na mesma sala onde geralmente os alunos das classes mais avançadas ajudavam os alunos das séries iniciais colaborando com o professor que não podia atender a todos, pois a turma era grande em média 25 ou 30 alunos.

Pio foi meu professor, – comenta o Ovidio Bertoldo – era um bom professor explicava bem e eu gostava de ir à escola! Arrependo-me de não ter estudado mais. “Segundo Pio eu era o aluno mais inteligente daquela classe”.

Uma gaita por uma batata.

Numa primeira sexta-feira do mês o Pio, foi a missa do sagrado Coração de Jesus. Neste dia todos iam a missa e para comungar era necessário estar em jejum. Pio neste dia levou para merenda uma batata doce assada, pois após a missa, ele iria à aula. Então perto do santuário que havia ao lado da Igreja de Nova Palma, Pio pegou sua batata para saciar sua fome. Aí apareceu o Célio Descovi fazendo a seguinte proposta: “Troco minha gaita de boca pela sua batata”. E Pio sem pensar disse “troco” e o negócio foi feito cada um satisfazendo sua necessidade. Pio com fome de música e Célio que naquela hora estava com fome, preferiu negociar sua gaita de boca por uma bela batata assada.

Além de ser um batalhador pela justiça social também sempre se preocupou com seus filhos para que a honestidade, a humildade e a dedicação ficassem gravadas no caráter de cada um. Sempre disposto a ajudar quem quer que fosse, só não sabia cobrar pelo seu serviço como diz o filho Mário, “ele dizia sempre “Ah! Paga o que você acha que vale.”

– Sempre incentivou os filhos serem responsáveis – diz a filha Elena.

– Sempre atento e corretíssimo – diz o Orácio – não deixava escapar nada e sempre se preocupava com o bem estar de cada um dos filhos.

Família do Pio por ocasião das bodas de ouro do casal

Também sempre se preocupou que cada um aprendesse um pouco de canto, pois valorizava muito o canto em família tanto religioso como profano. Nas bodas de ouro vimos um belo exemplo disso quando os filhos entoaram a Oração pela família do Padre Zezinho, não houve quem não chorasse na igreja.

Pouco antes dele falecer eu o visitei, apesar de estar com uma certa dificuldade para respirar ainda tocamos gaita de boca juntos. Ele me contou um sem número de histórias e neste dia também me falou que era ele que escrevia as cartas de meu pai para a namorada, pelo menos até a ida dele para o quartel. Creio que depois de meu pai ele tenha sido o meu melhor exemplo e justamente por uma qualidade que muitos achavam um defeito, “o Pio é um ‘bona voia’ (bonachão)”. Para ele tudo estava sempre bem e se não estivesse com certeza ficaria, sempre me identifiquei com este otimismo incorrigível. Sempre me disseram que ele não gostava muito de fazer força, para isso tinha que ser inteligente o bastante para fazer o que tinha que ser feito de uma forma mais fácil.

Dia 04 de dezembro de 2011 após algum tempo acamado, o Pio faleceu, mas as histórias engraçadas que o acompanharam por toda a vida ainda se fizeram ouvir na noite do velório. Os sobrinhos presentes fizeram jus ao espírito alegre dele.

Para o Carlos – “O pai foi aquele que se eu pudesse escolher escolheria ele, parceiro de pescarias, caçadas e longas conversas à beira do Soturno. Amante da natureza, ético e respeitoso para com todas as pessoas. O pai que qualquer filho sonha ter.”

 

Deixe um comentário