O ano escolar ainda não tinha terminado no seminário do Braga, mas como eu sempre tinha boas notas e era por um motivo nobre, participar da primeira missa do Padre Reinaldo Piovesan, ganhei férias antecipadas. Tendo o Tio Achiles como guia e patrocinador, tomamos o ônibus para Nova Palma, era a primeira vez que eu ia para aquelas bandas. Ia conhecer um monte de primos que só conhecia por fotografia, os do tio Abel e Pio, e outros que conhecia só de nome, os da tia Ignes e da tia Maria. Vajamos na sexta-feira de tarde para chegar a Júlio de Castilhos, pernoitar e ir no sábado para Nova Palma para a missa solene do domingo.
Naquele tempo (como dizia o padre Guilherme velho quando começava o sermão, “in illo tempore”) não tinha celular, nem telefone, nem muitas outras coisas das quais somos dependentes hoje, e consequentemente não tinha como avisar as pessoas que estávamos chegando. E foi assim que aconteceu começou a escurecer e ainda estávamos longe de Julio, eu estava muito inquieto mesmo estando com o tio que conhecia a cidade, mas, segundo ele, não lembrava bem onde tinha que descer. Descemos antes dos trilhos e voltamos um pouco, não sei se era de verdade ou se ele estava fazendo de conta pra me assustar, só sei que não estava reconhecendo a casa, até que chegamos numa casa perto de um monte de ferro velho, já era tarde da noite.
Batemos na porta e ouvimos uns ruídos característicos de quem está acordando não muito contente de ser acordado àquela hora, aberta a porta, os donos da casa se desfizeram em sorrisos e abraços de boas vindas. A tia preparou alguma coisa para comermos enquanto o tio Achiles contava as novidades de Jaboticaba e o tio Arlindo as de Júlio de Castilhos. Tomamos um belo banho para remover a poeira da estrada e aí é que veio a grande surpresa: o tio e a tia nos deram a sua cama para dormirmos, pois estávamos cansados da viagem.
No outro dia de manhã o tio nos mostrou a horta, o ferro velho e depois a cidade, demos uma passadinha no tio Eugênio, no tio Fernande Trentin e finalmente ele nos deixou na rodoviária onde íamos tomar o ônibus para Nova Palma.
O resto da história conto outro dia…
Muito linda sua história,me identifico muito com tudo isso,S.Achiles era muito amigo de meu pai,que também se chamava Achilles .